TEATRO DE IMPROVISO

O teatro de improviso, improvisação teatral ou IMPROV é uma forma de teatro em que as performances são criadas espontaneamente, sem guião, texto ou planeamento prévio. Os actores desenvolvem cenas, diálogos e ações no momento, frequentemente baseando-se em sugestões do público ou em ideias simples previamente estabelecidas. Para isso, os actores recorrem a técnicas e ferramentas únicas e que lhes permitem evitar o caos de uma improvisação sem regras. Mas vamos à história desta maravilhosa forma de arte.

 

O teatro de improviso tem origens em práticas culturais muito antigas, onde a improvisação era uma forma de expressão artística em várias culturas. Na Grécia Antiga, os atores podiam ajustar os seus discursos para ter em conta as reações do público durante as suas apresentações. Já bem mais tarde, na Itália do séc. XVI, surge a Commedia dell'Arte, considerada consensualmente como uma das primeiras formas organizadas de teatro de improviso - os actores utilizavam cenários pré-determinados (os chamados "canovacci") e personagens arquetípicos (como Arlequim e Colombina), mas os seus diálogos e todas as suas ações eram totalmente improvisados. Aliando isto a uma capacidade de abordas temas contemporâneos, os actores conseguiam relacionar-se melhor com o público nas diferentes cidades e vilas que visitavam.

 

Entretanto no séc. XIX aparece o teatro de variedades, e até podemos ver alguns elementos ainda hoje na nossa Revista À Portuguesa, em que os actores utilizam "buchas", uma espécie de aparte para permitir utilizar referências que não existem no texto, de forma a inserir, dentro de uma formato mais fechado, temas actuais e pertinentes. Em 1946 Viola Spolin (EUA) funda a Young Actors Company em Hollywood, onde treina crianças a partir dos seis anos de idade nas formas iniciais do seu sistema de Jogos Teatrais para as suas produções artísticas. Depois, conduz ensaios de jogos improvisacionais com o Compass Theater, e publica "Improvisation for the Theater", um manual de jogos que ainda hoje é uma referência para professores e educadores de todas as áreas de formação artística de palco. Alguns anos mais tarde, Keith Johnstone (Inglaterra), que mais tarde viria a ser considerado como uma figura central do teatro de improviso moderno, cria o formato "Theatresports" e publica vários livros sobre o tema do improviso, dos quais se destacam "Impro for Storytellers" e "Impro". Surge então em 1959 a Second City em Chicago, dos quais se destacam enquanto directores Del Close e Charna Halpern, que influenciaram toda uma geração de comediantes cujos trabalhos nos chegam até aos dias de hoje.

 

A história do teatro de improviso é feita de acasos e descobertas felizes, muito estudo e muito trabalho, e hoje em dia, directores, actores e interessados no teatro de improviso ainda procuram saber como fazer melhor, criando ferramentas que ajudam os actores-encenadores, os improvisadores, a terem cada vez mais e melhor desempenho em palco. O teatro de improviso visto de longe pode parecer ser feito de forma caótica e desgovernada, sem plataforma ou linha orientadora. Mas não é nada assim. O IMPROV quer-se cada vez mais como uma plataforma, com as suas regras e leis, que permita alcançar o expoente máximo de criatividade livre e espontânea. Ao perto apercebemo-nos que os melhores improvisadores são aqueles que sabem quais são as melhores ferramentas em determinado momento, e possuem o conhecimento de técnicas específicas para trabalhar em grupo ou individualmente cenas eficientes e maravilhosas. Como em tudo, a magia do improviso está nesta capacidade de usar tão inteligentemente as técnicas e ferramentas que os espectadores nem se apercebem do trabalho que dá.