10 regras fundamentais do improviso. Mas esperem lá... regras no improviso?
- Mário Costa
- 12 de abr.
- 3 min de leitura

Mas esperem lá... regras no improviso? Está tudo bem? Então improvisar não é literalmente trabalhar a partir do nada? Então como é que podemos ter regras para algo que não sabemos o que vai ser?
Perguntas e mais perguntas, questões que ficam coladas ao céu da nossa cabeça sem terem forma de sair. Mas afinal o improviso não é "tudo à balda"? A resposta (embora não gostemos da palavra em contexto de criação) é Não.
À primeira vista, pode parecer estranho: “Improviso com regras? Mas o improviso não é livre?”Sim, o improviso é liberdade — mas não é caos. As regras no improviso existem para criar um espaço seguro, fértil e colaborativo onde a liberdade possa acontecer com confiança. São como as margens de um rio: sem elas, a água espalha-se e perde força. Com elas, a corrente ganha direção e potência.
O improviso é uma arte coletiva. As regras garantem que todos jogam o mesmo jogo e que há espaço para cada pessoa contribuir de forma criativa, sem atropelos nem bloqueios. Quando todos conhecem as regras — como aceitar ideias, não negar o parceiro, escutar, apoiar — o grupo sente-se mais seguro para arriscar, experimentar e falhar sem medo.
Pode parecer contraditório, mas os limites despertam a criatividade. Ter um conjunto de princípios ajuda a evitar o branco mental, o “e agora?”. Em vez de ficarmos paralisados, temos ferramentas para continuar a cena. Regras como “faz o teu parceiro brilhar” ou “não tentes ser engraçado” existem para lembrar que o foco está na cena, na história, no jogo — e não em quem se destaca mais. O improviso é generoso e sem algumas regras básicas, as cenas tornam-se confusas, repetitivas ou desorganizadas. As regras ajudam a manter uma estrutura invisível que dá fluidez e sentido à improvisação. Há também regras éticas: ouvir, não interromper, não invadir o espaço do outro, respeitar os limites do grupo. São essenciais para que o jogo seja saudável e inclusivo.
Então, aqui tens as 10 regras fundamentais do improviso:
1. Diz “Sim, e…”
Aceita a ideia do outro e acrescenta algo. O “sim” cria a cena, o “e…” faz com que ela cresça.
2. Faz o teu parceiro brilhar
O objetivo não é seres o mais engraçado ou o protagonista — é fazer o outro brilhar. E, por magia, acabas por brilhar também.
3. Confia no momento
Improviso é presença. Se estiveres ligado ao que está a acontecer agora, tudo flui. O momento é sempre suficiente.
4. Não tentes ser engraçado
A comédia aparece como consequência da verdade, da escuta e do jogo — não da tentativa de forçar uma piada.
5. Escuta de verdade
Não estejas a pensar no que vais dizer a seguir. Escuta mesmo. O improviso vive do que o outro te dá.
6. Erra com gosto
O erro faz parte. Quando acontece, abraça-o e transforma-o em algo útil ou até genial. O público adora ver como lidamos com os imprevistos.
7. Sê específico
Evita o genérico. Quanto mais concreto fores (nomes, lugares, detalhes), mais rica e divertida será a cena.
8. Mostra, não contes
Em vez de dizer “Estou muito zangado”, mostra isso com o corpo, a voz, a atitude. O teatro vive da ação.
9. Diz menos, faz mais
Improviso não é só conversa. Usa o corpo, o espaço, as pausas. Às vezes, um silêncio vale mais do que mil piadas.
10. Divirte-te
Se tu estiveres a divertir-te, o público também está. Deixa a pressão de lado e aproveita o jogo.
Ficaste interessado? Fala connosco e entra no maravilhoso mundo do teatro de improviso! Mário
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